quinta-feira, 8 de março de 2012

"Realidade

 Qual a profundidade desse rio? Meus pés não encontram o fundo, a angústia aperta, a sanidade falta. O corpo padece. Os braços querem continuar, em braçadas pesadas, continua afundando, inutilmente reage, mas o coração já não responde. Onde encontrar o ar e a alegria? Por onde a verdade andou todo esse tempo, e por onde ela anda, afinal? Por que mergulhei em águas tão escuras, ou fui eu quem fechou os olhos? Fragmentos? Novamente vão me restar fragmentos? Como conseguir emergir? Cada pedaço de mim celebra o fim em um ritual indesejado, cada pequeno pedaço retorce uma ânsia nada antes sentida, repleta de saberes na teoria, mas na prática aproxima-se do amargo e insano mergulho na realidade. Diz-se a margem, mas a margem é a morte de tudo o que acredita. Diz-se frio, mas era pura adaptação ao meio. Diz-se distante, mas quais eram os motivos para voltar? Ser fantoche de mim mesmo, envolto sim em uma armadura cotidiana, familiar e bastante rígida. Qual a profundidade desse rio, fantoche? Não sei, pulei, mas nunca aprendi a nadar."



 Marluci Longarez Fofa.