sábado, 29 de outubro de 2011

"Já foi dito vezes suficientes que é impossível explicitar o objetivo de uma obra de arte através de palavra. Apesar de uma certa superficialidade com que esta asserção é posta e, em especial, explorada, é, de maneira geral, correta e assim permanece até numa época de grande educação e conhecimento da língua e do seu material. E esta asserção - abandono agora a esfera do raciocínio objetivo - é também correta porque o próprio artista nunca consegue abarcar ou reconhecer totalmente o seu próprio objetivo."

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

"The most important thing was not comfort but the conflict taking place in what i was doing, in what i was searching for and in what i still do now."


Herbert Baglione.


this

http://hyperallergic.com/38778/occupying-the-walls-graffiti-as-political-protest/?wt=2

domingo, 16 de outubro de 2011

"Nunca senti inveja das antigas namoradas do Yasu e nem da Nana, que é protegida por ele. Mas invejo a Satsuki, que sempre teve o Yasu ao seu lado desde pequena."



eu também, ai yazawa, eu também :(
"- Como é que você definiria a arte, a função da arte?
Ferreira Gullar: Seria pretensão minha querer definir isso, mas eu digo que a arte existe porque a vida não basta. A arte existe porque o homem quer mais. Ele quer ser feliz, ele quer beleza, ele quer fantasia... Então ela intui esse papel na vida.
Quando eu digo que a arte inventa a vida - ela não revela a vida, ela inventa - é porque ela tem uma linguagem que pode reinventar a vida, porque nada do que você espera é igual a realidade. É mentira que a literatura revela a realidade. Revela o cacete, ela inventa a realidade."
"Você ganhou em sofrimento, em poesia; a melancolia de suas composições penetra o mais íntimo dos corações. Pode-se estar só com você em meio da multidão. Não é um piano, é uma alma..."

(Marquês de Custine para Chopin)
"Ele amava-a tanto, era-lhe tão fiel, tão acorrentado a seu lado, falava dela com tanto respeito, que tudo isso teria sido a glória de uma mulher vaidosa. Ainda assim, Lucrécia não odiava qualquer mulher suficientemente para desejar-lhe esta sorte de felicidade.
Se ela aspirasse o perfume de uma flor, se apanhasse um seixo qualquer, se capturasse uma borboleta para a coleção de seu filho Célio, se fizesse festas a um cão, se colhesse uma fruta, ele diria, entredentes: "Que natureza esquisita! Tudo lhe satisfaz, tudo a diverte, tudo a envenena. Encontra beleza, perfume e graça nos menores aspectos da criação. Tudo admira e tudo ama. Portanto, não ama a mim. Um abismo separa-nos."
"Refuginado-se nessas regiões tão áridas, ele buscava encontrar, nas emoções da arte, serenidade para seu espírito torturado, o esquecimento que "conjura os tumultos da alma", entorpecendo de tal forma a memória, que aí nada mais restará."

terça-feira, 4 de outubro de 2011

"Em silêncio, vi-me pensando que, para cada ser, o outro não é apenas um caminho, mas também uma encruzilhada."
"Por isso acredito que, se devemos, às vezes, responder ao riso com o riso, nem por isso devemos responder ao absurdo com o absurdo, à incompreensão com a renúncia."
" - Sinto-a perto de mim, Maya. Gosto do seu íidiche melodioso e da ideia de o seu saber envolver o meu e me tranquilizar."
"Oh god, I'm tired
and my heart is broken
It's so hard to feel so all alone,
and so far,
so far away from home

Oh god, I'm so lost
and I'm here in darkness,
and I want to see the light of love
I'm looking for meaning in my life"

domingo, 2 de outubro de 2011

"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é.
(E se soubesse quem é, o que saberiam?)
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisa por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até o campo com grandes propósitos.
Mas lá só encontrei ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso em ser tanta coisa!
E há tantos que pensam em ser a mesma coisa que não pode haver tantos!

Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não mascará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!

Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?

Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?

O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.

Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo.
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre só o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou uma cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(...) Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, sem rol, para o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(...) Meu coração é um balde despejado.
Com os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.

Vivi, estudei, amei, e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.

(...) Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me"
Nos teus "Noturnos", trêmulo, perpassa,
Como um lamento a ecoar por horas mortas.
Vindo, talvez, de um cárcere sem portas,
Um vasto miserere de uma raça.

O martírio da Pátria se entrelaça
Ao mal da vida, rude, que suportas;
E quando, elo gênio à glória aportas,
É uma ronda de lágrimas, que passa.

Os teus acordes lembram agonias,
Como o luto violáceo das olheiras
Recordam pranto, evocam funerais;
Ressoam, mesmo no antro de almas frias,
Relembrando em crepúsculos, nas eiras,
Horas profundas que não voltam mais."



(sobre chopin e sua essência na música e, por que não, sua genialidade)

sábado, 1 de outubro de 2011

"Today artists and illustrators are also turning to the graffiti, coming to the streets. I think it's mostly a greater good to the guy who's doing it, it's not to the public. The public is just a consequence. Because those who do it for the public are not putting their souls into it, and those who put theirs souls in it don't really mind if it looks pretty. They're doing it because that's what they're feeling." (nick alive)