terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A sensação pesava, embriagava, ofuscava. Percorria cada pedaço do meu corpo, deixava vestígios que me faziam um ser sem forças, como se a cada suspiro eu me aproximasse de algo maior, algo que talvez nem mesmo a mais brava e forte das pessoas fosse suportar. E tudo em volta ocorria em câmera lenta: o murmúrio dos ventos, o barulho do mar lá longe, o piscar dos olhos. Daqueles olhos vermelhos, inundados de pânico, medo e, bem lá no fundo, onde talvez apenas eu e mais ninguém percebesse, esperança. Esperança por quê? Esperança pra quê? Esperança que, a cada pulsar, se aproximava mais de mim, que me fazia perder toda a convicção que eu possuía ao apertar o gatilho, que sugava toda as minhas últimas forças que, bem lá no fundo do meu âmago, onde nem eu sabia existir, existia. Parecia querer converter essa força para outro propósito.